quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sou corinthiana, mas tenho vergonha alheia!

Do UOL 01/09/2010
O ex-meia-esquerda Neto foi talvez o principal nome do show do centenário do Corinthians, na virada de terça para quarta-feira, no Vale do Anhangabaú. Camisa 10 do clube no título do Campeonato Brasileiro de 1990, o agora comentarista de televisão apresentou o evento ao lado do rapper Xis e, com o microfone na mão, soltou inúmeros palavrões e gafes durante a festa.
No primeiro momento infeliz da noite, ele incitou torcedores contra os jornalistas. "Ei, imprensa, pare de fazer matéria aí, p...", disse o ex-jogador, que recebeu do público uma resposta imediata: "Ei, imprensa, vai tomar no c...! Ei, imprensa, vai tomar no c...!". Logo em seguida, brincou com o sumiço de uma torcedora. "Lídia, sua filha, que se perdeu de você, está aqui atrás, na base do palco. Pô, perder a filha? É o c... da cobra".
Para chamar ao palco o também ex-jogador Marcelinho Carioca, Neto admitiu não gostar dele "como gente", mas se disse grande fã de seu futebol. "É o maior ídolo da história do Corinthians", elogiou, antes de cumprimentar o ex-atleta, que foi ovacionado pela torcida. Minutos depois, contou o apelido de Adilson Batista, atual técnico alvinegro. Segundo ele, o treinador é conhecido como "Bundinha" entre os boleiros.
Já quando pediu silêncio e atenção para falar do sério projeto de educação ambiental do clube - que planta 100 mudas de árvore a cada jogo e também a cada gol da equipe -, sobrou para outro atacante do grupo comandado por Adilson Batista. "Vamos plantar muita árvore. Até porque o time tem Ronaldo, tem Dentinho, Roberto Carlos, Souza. O Souza precisa melhorar um pouquinho para fazer gol", ironizou.
Iarley, que fez um dos gols no triunfo por 2 a 1 sobre o Vitória, também não escapou dos comentários irônicos. "Ô, Iarley, precisa fazer mais gol, hein, c...? Igual ontem", falou Neto, ao confundir a data da partida, que na verdade foi disputada no domingo. Em 37 jogos, o atacante anotou cinco gols.
A lista de gafes de Neto ainda teve novos pontos altos. Convocado para o palco para entregar uma homenagem a Ronaldo, o vereador Antonio Goulart (PMDB-SP) foi chamado por ele de Goulart de Andrade. Mais tarde, após entoar a contagem regressiva para a meia-noite, tratou com bom humor o português mal-falado do presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, que o tem como grande ídolo.

Que feio,heim?

Nessa situação a vergonha de ser corinthiana é maior que o orgulho...



Quando se confunde tradição com conservadorismo

Clube veta parceiro gay como dependente Folha de SP 01/09/2010



Paulistano rejeita mudar estatuto para permitir inclusão de companheiro homossexual como sócio-dependente
Pedido foi apresentado por médico e negado pelo conselho do clube, frequentado pela elite; casal vê discriminação.
Um casal de médicos homossexuais, que vivem juntos há seis anos, acusa o Clube Athlético Paulistano -frequentado pela elite de São Paulo- de discriminação por recusar a adesão de um deles como sócio-dependente.
Associado do clube desde criança, o médico infectologista Ricardo Tapajós, 45, pediu ao conselho do clube no final do ano passado a inclusão de seu companheiro, o cirurgião plástico Mario Warde, 39, como dependente.
A decisão, negativa, saiu no último dia 26. "Estamos tristes. Somos discriminados por sermos uma união homoafetiva", disse Tapajós, que, 15 anos antes, conseguiu incluir a mãe de seus filhos, com quem não era casado, como dependente.
O estatuto do clube Paulistano entende como união estável a relação entre homem e mulher. Para aceitar o novo dependente, a maioria dos 220 conselheiros teria que ser favorável a uma alteração no estatuto, o que não ocorreu.
"O clube está seguindo o estatuto, o Código Civil e a Constituição. E a mudança estatutária não foi aprovada", disse o diretor de comunicação, Celso Vergeiro.
Em entrevista à Folha, em julho, o presidente do Paulistano, Antonio Carlos Vasconcellos Salem, disse que, em caso de negativa do pedido, eles poderiam ir à Justiça.
"Tudo depende do conselho. Se os conselheiros disserem que contradiz o estatuto, não há o que falar. Se o casal se sentir prejudicado, vai à Justiça. Se o estatuto for alterado, tudo bem, é a vontade dos sócios", afirmou à época.


VIDA EM COMUM


Segundo a advogada Adriana Galvão, presidente do Comitê de Estudos Sobre Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Tapajós pode pedir a inclusão judicialmente, além de alegar danos morais, se provar a discriminação.
"É preciso comprovar a vida em comum. O clube também não é obrigado a aceitar uma relação esporádica. A decisão foi pautada pelo medo de aceitar uma nova realidade. Isso não se justifica."
Os conselheiros mais antigos entendem que o correto seria que o dependente comprasse o título, que custa R$ 5.000, e arcasse com o valor da transferência (R$ 180 mil).
Dois pesos, duas medidas. ex-mulher pode, atual companheiro, não.
Por detrás de um estatuto escondem-se um bando de conselheiros retrógrados, preconceituosos e incoerentes que ainda querem faturar 185.000,00 em cima de pessoas honestas e coerentemente assumidas. Até quando?!




Ligia Marques










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